terça-feira, 29 de março de 2011

Um paradoxo perfeito

Recife, 23 de março de 2011


Por mais que eu diga para mim mesma para fazer o bem aos outros sem esperar nada em troca sempre acabo me decepcionando. Pode parecer egoísta, por mais que eu diga que não é, mas eu espero sim que me tratem com o mesmo apreço, com o mesmo carinho, o mesmo grau de importância que dou a essas pessoas.

Não, eu não mataria por elas – duvido muito eu matar por mim mesma! Mas eu morreria por algumas. E, querendo ser bem sincera, morro todos os dias um pouco mais quando sinto o quão distante estou delas, apesar de tentar estar sempre por perto. É que EU estou perto, mas elas não.

Isso dói. Machuca-me dar muito e receber quase nada. Contudo, machuca muito mais ter muito para dar e guardar pelo fato de ninguém retribuir – isso sim seria egoísmo! Por isso continuo na minha ilusão de que quanto mais eu der, mais receberei (mesmo que algum dia distante).



Tai Franco

sexta-feira, 11 de março de 2011

Querer pode ser poder?

Uma vez, lendo um livro*, encontrei uma frase que desde então conseguiu descrever boa parte dos motivos de eu ter tanto medo e era assim: “É mais fácil estar na eminência de ser do que de fato ser”. Talvez hoje eu possa usar esta mesma justificativa pelo que estou sentindo.

Estou frustrada comigo mesma. Insatisfeita com minhas reações, com minhas tentativas de ser quem de fato eu sou e apensas conseguir ser quem eu estou totalmente acostumada a ser. Estou indignada com o fato de poder ser, dizer, fazer e estar e simplesmente não conseguir pelo simples, porém complexo, medo de realmente me ver dentro do que criei.

Se eu pudesse escolher por onde começar (o mais engraçado é que eu posso escolher) seria admitindo que sim, eu quero. Eu quero tantas coisas que penso ser demais, e acabo negando. Pior é que para esquecer o que realmente almejo me pego as trocando por coisas insignificantes e que não me acrescentam nada. Gostaria de dizer que sim muitas vezes que eu digo não. Gostaria que eu não tivesse medo de dizer que sim. Gostaria que o meu sim não dependesse da aprovação dos outros.

Queria imensamente acreditar que por mais que tenhamos errado no passado, podemos consertar no presente. Mas o medo de cair no mesmo erro me induz cruelmente a cometer o mesmo erro. E o maior medo é de tentar agir diferentemente e errar, mesmo que de outra maneira.

Na verdade, hoje eu só queria admitir que eu preciso de uma única pessoa, mas que me parece ser tão irreal que às vezes eu me questiono o quão eu sou merecedora de algo tão grandioso. E isso tudo só acontece porque é algo desconhecido para mim, porque pensar em ser é muito mais fácil do que ser realmente.


*A menina que roubava livros (Markus Zusak)


Taiana Franco